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Aleitamento Materno

Sabe-se que crianças que recebem leite materno apresentam uma cinética de crescimento diferente de crianças que recebem fórmula. A literatura propõe que o RN em uso do leite materno receba uma quantidade calórica suficiente para crescer, mas não superior à necessária, além de ganhar peso de forma mais lenta que um RN alimentado com fórmula artificial. Como estudos experimentais demonstram que o excesso alimentar no período neonatal associa-se a maior risco para obesidade e síndrome metabólica na vida adulta, é possível que este seja um dos mecanismos pelos quais o aleitamento materno possa proteger contra doenças ao longo da vida. Sabe-se também que as diferenças constitucionais entre o leite materno e a fórmula artificial, como a quantidade de calorias e proteínas, é uma variável importante neste contexto.

Outro possível fator envolvido é a diferença no comportamento alimentar de bebês que recebem aleitamento materno, sendo que estes RN apresentam uma freqüência de sucção diferenciada, assim como demonstram maior grau de controle da quantidade de leite ingerida. Além disso, a variação constante no sabor e odor do leite materno expõe o RN à experiência de diferentes estímulos gustatórios, o que favorece o consumo de alimentos com sabor semelhante mais tarde na vida , ampliando a variedade alimentar do indivíduo.

Especificamente em relação à proteção ao longo da vida, mostrou-se, por exemplo, que o aleitamento materno em RN pré-termo se associa a um melhor perfil lipídico plasmático na adolescência, assim como a menores níveis pressóricos. Entretanto, tem sido mais difícil provar com clareza o efeito da dieta pós-natal sobre a composição corporal do adulto. Embora vários estudos incluindo meta- análises tenham demonstrado que o aleitamento materno está associado a menor incidência de obesidade usando o índice de massa corporal (IMC) como variável categórica, os estudos que se concentram em composição corporal não obtiveram sucesso em estabelecer esta associação, ou encontraram apenas efeitos muito discretos. A mesma falta de associação também foi descrita no Brasil. Conforme ressaltado por Wells, várias dificuldades metodológicas impedem uma melhor avaliação dos efeitos do aleitamento materno, incluindo a falta de informações precisas nos grandes estudos de coorte, assim como a influência de fatores sociais e a impossibilidade de realização de estudos randomizados. Em adição, este autor menciona também a possibilidade de causalidade reversa, ou seja, que as dificuldades durante o aleitamento materno possam levar ao emprego de uma dieta agressiva e ao excesso alimentar em RN alimentados com fórmula, aumentando a sua chance de desenvolverem alterações no padrão de saúde na vida adulta quando comparados a bebês que receberam aleitamento materno.

Embora alguns estudos apontem para os benefícios agudos da suplementação alimentar com ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (n-3 e n-6 LCPUFA) nas fórmulas artificiais, assim como de pré e probióticos para a mãe durante a gestação e aleitamento, seus efeitos em longo prazo no desenvolvimento neurológico e imunológico dos indivíduos ainda não são claros, sendo que mais estudos são necessários neste contexto.

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Os primeiros 1000 dias de vida se referem ao período que vai do primeiro dia de gestação até os 2 anos de idade.

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